sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Contra Marina, ala tradicional quer manter controle do PSB


O PSB marcou reunião para a próxima segunda-feira, dia 29, a fim de eleger a nova direção partidária por mais três anos. São contra a seção de Pernambuco, que era comandada por Eduardo Campos, e o candidato a vice-presidente de Marina SilvaBeto Albuquerque. Mas prevaleceu a posição de Roberto Amaral, que sucedeu Campos na presidência do partido após a tragédia de 13 de agosto.
Eduardo Campos tinha o controle total do PSB havia muito tempo. Em 2010, impediu a então candidatura presidencial de Ciro Gomes para apoiar a eleição de Dilma Rousseff, do PT. Em 2014, construiu um projeto presidencial incontestável na sigla. Sua morte abriu um vácuo de poder no PSB.
Roberto Amaral assumiu a presidência temporariamente. Agora o grupo de Amaral, que reúne figuras tradicionais do PSB, quer realizar uma eleição interna a fim de consolidar o seu poder contra a ala pernambucana e contra a crescente força de Marina no partido, sobretudo se ela for eleita presidente da República.
Marina se filiou ao PSB de forma temporária. Foi uma filiação democrática, como disse Campos em outubro do ano passado, quando aceitou o grupo que tentou criar a Rede Sustentabilidade e não conseguiu. Há uma desconfiança de setores mais tradicionais do partido em relação a Marina. Roberto Amaral, por exemplo, discorda das propostas mais ortodoxas que auxiliares da ex-senadora têm feito, como um forte ajuste fiscal ou a independência do Banco Central.
Quem está convocando a reunião é o grupo de Amaral, que quer continuar como presidente da sigla, e deCarlos Siqueira, secretário-geral do PSB que abandonou a campanha de Marina no dia em que ela foi oficializada candidata do partido. Como raramente alguém convoca uma reunião para perder, a chance de vitória de Amaral e de Siqueira é alta. O grupo avalia ser um risco adiar a eleição interna para dezembro. Se Marina for eleita presidente, ela terá bastante poder para enfrentar Amaral e Siqueira. Para tentar agradar Marina, esse grupo quer lhe dedicar o título de “militante honorária” do PSB.
Há também outros quadros do PSB que podem sair vitoriosos nas eleições, fazendo contraponto ao setor que ocupa a atual máquina. Em Pernambuco, Paulo Câmara tem chance de vencer a eleição para o governo do Estado. Rodrigo Rollemberg está liderando a eleição no Distrito Federal. Beto Albuquerque, vice de Marina, ficaria mais forte se eleito junto com ela.
O grupo de Pernambuco, com respaldo de Marina, quer colocar Geraldo Júlio, prefeito de Recife, no posto de presidente do partido. Esse grupo se diz herdeiro de Campos e quer jogar a disputa interna para depois das eleições. Mas adiantar a disputa, realizando-a antes do primeiro turno, favorece a ala que que pretende manter o controle da máquina e do dinheiro do partido.
Num eventual governo Marina, controlar a direção do partido ao qual ela está filiada seria uma posição importante de poder. É a primeira disputa de poder partidário já levando em conta um eventual governo da candidata do PSB. 
Ouça o comentário no “Jornal da CBN”:
Postado por: DANIELA MARTINS
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