segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O que planeja mesmo o PSDB?

Enquanto Dilma acerta a composição de sua equipe econômica, que pode ser anunciada hoje rendendo-lhe uma trégua nesta frente de batalha, outros auxiliares tratam da guerra política que já está no radar dos próximos meses. um emissário do Governo, com trânsito junto ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tem encontro agendado com ele para sondá-lo sobre a conduta que o PSDB adotará em relação à crise política que se avizinha, em função dos desdobramentos da Operação Lava Jato.
Prevalecerá o discurso radical dos mais ligados a Aécio Neves, que têm pregado o impeachment e uma oposição armada até os dentes, ou a postura pragmática dos governadores, como Geraldo Alckmin, que até já se reuniu com Dilma para acertar uma ajuda federal às providências contra a crise hídrica em São Paulo?
Um dos sinais mais preocupantes, emitidos pelo PSDB, foi a presença do senador Aloysio Nunes Ferreira, que foi vice na chapa de Aécio, na manifestação da semana passada contra Dilma, onde os grupos mais radicais pregaram o impeachment e alguns até a volta dos militares, o que ensejou declarações dos próprios comandantes das Forças Armadas sobre o despropósito de tais aspirações em plena vigência da normalidade democrática.
O emissário dirá a FH que o governo, como já declarou Dilma, não está criando nenhuma restrição às investigações da Lava Jato, muito pelo contrário. Todos as providências, medidas ou instrumentos estão sendo utilizados para que efetivamente “não reste pedra sobre pedra” do esquema criminoso. Que, composta a equipe econômica, ela adiará a nomeação de outros ministros exatamente para conhecer a extensão do envolvimento de agentes políticos da base do governo. Entretanto, espera-se que a oposição adote uma postura condizente com suas responsabilidades, colocando os interesses do país acima do ressentimento eleitoral. Até porque, dirá o emissário por sua conta, o PSDB sabe que o esquema na Petrobrás não começou no governo Lula nem no governo Dilma, como têm atestado tantos empresários, delatores ou não. Por exemplo, Ricardo Semler, que em seu artigo publicado hoje na Folha de São Paulo e reproduzido pelo 247, afirma que não se vende ao Estado no Brasil sem pagar propina desde 1970, razão pela qual sua empresa deixou de fazer negócios com o setor público. E ele se declara tucano.
A sondagem junto ao ex-presidente busca saber a altura do fogo que virá em breve, quando em sua oitava fase a Lava Jato revelar o nome de dezenas de políticos que receberam recursos do esquema Petrobrás. A crise será brava, mandatos vão rolar e será sensato estabelecer um circulo de giz em torno dela, dentro do qual será feita a limpeza, preservando-se as instituições e a normalidade do funcionamento dos poderes. E isso depende de um mínimo de convergência de entre governo e oposição.
Tereza Cruvinel * – * Jornalista

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