terça-feira, 15 de agosto de 2017

ÍNDIOS DE RECENTE CONTATO VISITAM A CIDADE DE FEIJÓ PELA PRIMEIRA VEZ

Carros, ônibus, motocicletas, bicicletas e pedestres. Pessoas apressadas, sempre correndo e atrasadas para algum compromisso muito importante. Nada disso nos impressiona, pois o fluxo nas cidades começa antes mesmo do amanhecer.
Mas, e alguém que nunca viveu esse frenesi de atividades, o que pensa a respeito da vida urbana?


Conhecidos como “Povo do Xinane”, os índios de recente contato, habitantes da região de fronteira entre o Acre (Brasil) e o Peru, do tronco linguístico pano, aportaram em Feijó – interior do estado – na tarde do último sábado, 12, em pleno Festival do Açaí.
Shirimaku, Purus, Hainuno, Hunuishata e Kada. Este é o nome dos cinco desbravadores, que percorrem 555 quilômetros, por água, em um barco de alumínio a varejão (objeto de madeira utilizado para empurrar a canoa), para conhecer a “terra dos brancos”.
Ao tomar conhecimento da viagem, o chefe da Base do Xinane da Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira, Marcus Boni, e o auxiliar de indigenismo Jeferson Lima se deslocaram em direção à tripulação, que se encontrava a três horas de viagem de Feijó.
A visita à pequena e pacata cidade acreana tem sido monitorada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), por meio da Coordenação Geral de Índios Isolados e Recente Contato (CGIIRC).
O primeiro passeio foi promovido logo após o desembarque do grupo. Devido ao grande fluxo de pessoas, Marcus e Jeferson acharam mais prudente acomodar os cinco “turistas” em uma residência de localização discreta, até o fim da festividade.
Na manhã desta segunda-feira, 14, os índios, acompanhados dos servidores da Funai, do intérprete e do sertanista José Carlos 
Meirelles, conheceram o Mercado Municipal, lojas e, finalmente, tiveram contato com a fonte de seu maior interesse: a loja de ferramentas e motores para barcos. Afinal é bem mais prático navegar em um barco a motor do que varejar 555 quilômetros.
Durante a caminhada pela área comercial, eles encontraram alguns índios Ashaninka, seus conhecidos e vizinhos das cabeceiras do Rio Envira. As impressões do novo sobre o velho mundo, o próprio Shirimaku, líder do grupo, é quem conta: “Aqui é muito bonito, mas de graça ninguém come.
 Onde eu moro, não tem dinheiro, ninguém precisa comprar nada, porque é o nosso território. Lá, a gente come de graça, o que a gente quiser tem na mata”, ressaltou Shirimaku sobre as relações comerciais e sociais observadas.
Quanto a vinda à cidade, ele é enfático: “Na descida para a cidade, muita gente falava ‘por que vocês não ficam com a gente?’. Nós não viemos atrás de vocês, vamos atrás de saber de onde o povo de vocês sai e como chegam até aqui.
 Queremos conhecer onde moram, como estão e como vivem. Queremos conhecer”, salientou.
Sobre a visita do Povo do Xinane, Meirelles observa que “o espírito de aventura é inerente ao ser humano. Assim não fosse ainda estaríamos confinados às savanas africanas”, afirmou o sertanista e assessor do governo do Acre.
fonte  www.agencia.ac.gov.br

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